Postado por Meire 08/02/2021 a 19/02/2021
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O Espelho
João Guimarães Rosa
[…] Fixemo-nos no concreto. O espelho, são muitos, captando-lhe as feições; todos refletem-lhe o rosto, e o senhor crê-se com aspecto próprio e praticamente imudado, do qual lhe dão imagem fiel. Mas — que espelho? Há-os «bons» e «maus», os que favorecem e os que detraem; e os que são apenas honestos, pois não. E onde situar o nível e ponto dessa honestidade ou fidedignidade? Como é que o senhor, eu, os restantes próximos, somos, no visível? O senhor dirá: as fotografias o comprovam. Respondo: que, além de prevalecerem para as lentes das máquinas objeções análogas, seus resultados apoiam antes que desmentem a minha tese, tanto revelam superporem-se aos dados iconográficos os índices do misterioso. Ainda que tirados de imediato um após outro, os retratos sempre serão entre si muito diferentes. Se nunca atentou nisso, é porque vivemos, de modo incorrigível, distraídos das coisas mais importantes. E as máscaras, moldadas nos rostos? Valem, grosso modo, para o falquejo das formas, não para o explodir da expressão, o dinamismo fisionômico. Não se esqueça, é de fenômenos sutis que estamos tratando.
Glossário
detrair :diminuir ou menosprezar, maldizer
falquejo das formas: deformação das formas
fidedignidade: autenticidade, qualidade que torna algo digno de confiança
Responda as questões:
a) No texto, o autor cita alguns tipos de espelho. Você concorda que há diferentes espelhos? Você concorda que há diferentes espelhos “maus” e espelhos “bons”? O que eles lhe mostram?
b) E o que o que lhe mostram os espelhos “honestos”? Quais características você considera mais marcantes?
c) Como você acredita que as pessoas mais próximas lhe enxergam?
d) Vocês acham que, muitas vezes, algumas pessoas próximas não enxergam você da mesma forma que você se vê? Por quê?
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