E.E. “Profª. Clothilde Martins Zanei”
Séries: 1º anos A, B, C e D
Disciplina: Arte
💡ATENÇÃO
✔Devolutivas das atividades por e-mail: lucilammt@gmail.com
- Por favor, no assunto do e-mail coloquem a identificação com o nome e série.
- As atividades podem ser digitadas ou escritas à caneta (para possibilitar a minha leitura).
😉 Data de Entrega: 02/07/2020
Texto 1 - A arte pública é uma arma pública contra a ignorância
Os eventos marcantes das últimas semanas de censuras e agressões a museus e artistas nos obrigam a pensar o que têm acontecido na relação do público em geral com a arte contemporânea. Essa dissociação entre o público em geral e os frequentadores de museus que valorizam a arte contemporânea reflete o contraste entre uma parte da população que anseia o futuro e uma parte que é nostálgica de uma era de trevas.
É curioso que essas pessoas que desejam obscurecer o país são em sua maioria jovens que não viveram nem entenderam o que foi viver sob uma ditadura. Esse descompasso é a cara do Brasil, o país do desperdício, da falta de memória e das soluções fáceis e improvisadas. Num país onde 92% das pessoas nunca foram a um museu, faz-se necessário pensar o importante papel que a arte pública poderia ter para sensibilizar visualmente o grande público para o universo da arte contemporânea.
Quase todas as grandes metrópoles do mundo têm um projeto de arte pública que visa ocupar o território simbólico das cidades com as ideias da arte do seu tempo e desafiar o público a decifrar aquilo que parece enigmático nos museus e galerias. Essa prática é extremamente civilizatória. Ela proporciona o diálogo e introduz repertório ao cidadão comum, distante das questões das artes visuais, mas nunca indiferente às questões do território urbano.
Essa tensão entre as múltiplas apropriações e leituras que a arte pode trazer do patrimônio histórico, do espaço público, da geografia e da paisagem é uma oportunidade única de abrir a cabeça das pessoas e gerar uma zona de encontro entre as faces divergentes da sociedade.
São Paulo é uma das poucas grandes cidades do mundo que não conta com um programa de arte pública regular e sistemático. Programas assim já existem há quatro décadas pelo mundo, de Nova York a Münster, de São Francisco a Vancouver, de Paris a Londres e ao Rio de Janeiro. Todas essas cidades mudaram significativamente a relação do público com a arte e seus artistas. Elas também ganharam uma imagem internacional ativada pela relação da arte com a paisagem urbana, ressignificada por ela.
O grafite é a forma latente e espontânea pela qual a arte transborda e se infiltra em São Paulo. O grafite passou a ser destino turístico na cidade em locais como o Beco do Batman, na Vila Madalena. Imagina se houvesse uma ideia sistemática de oferecer uma oportunidade profissional para se produzir arte no espaço público da cidade.
Um dos maiores problemas da imagem internacional de São Paulo é a falta de elementos ícones de sua urbanidade. A cidade oferece poucas oportunidades de interpretar sua pele urbana e sua identidade metropolitana. A arte poderia ajudar muito nisso.
Desde 2014, eu sou curador sênior da Bienal de Vancouver no Canadá, uma bienal em que uma agenda firme de arte pública ajudou a gerar espaços de convivência e convergência e a simbolizar a identidade diversificada e multicultural da cidade. Lá, a agenda é sensibilizar pessoas de origens culturais e étnicas diversas com a arte daqueles que também habitam esse lugar. É criar uma base comum de contato em que a arte é o ponto de encontro e de interlocução de pessoas que não falam a mesma língua.
A arte infiltrada nas esquinas, becos, praças e avenidas — surpreendendo o cidadão e nos fazendo enxergar a cidade de uma outra forma — é uma excelente maneira de educar e aproximar o público do poder da arte de mudar o sentido e o valor das coisas. É também uma forma de nos fazer reconhecer a identidade e o pensamento de pessoas que são diferentes de nós, expandindo o circulo de entendimento do mundo.
Um projeto de arte pública para as grandes cidades brasileiras poderia abrir a cabeça de pessoas que, por não se sentirem incluídas no território da arte contemporânea, não veem problema no fechamento de museus, pois eles não servem a nada para quem não é tocado pela arte. A única estratégia para vencer a ignorância é a inteligência generosa.
Marcello Dantas é curador e esteve por trás de algumas das principais mostras de arte no Brasil. Foi o responsável por museus como o Museu da Língua Portuguesa, o Museu do Homem Americano e o Museu das Telecomunicações. Dantas realizou exposições de artistas como Christian Boltanski, Anish Kapoor, Gary Hill, Tino Sehgal, Rebecca Horn, Bill Viola e Laurie Anderson – além de projetos internacionais, como o Museu do Caribe em Barranquilla (Colômbia) e a Bienal de Vancouver 2014. Ele é ainda curador e diretor de programação da Japan House São Paulo.
Fonte de pesquisa (http://www.esquina.net.br/2017/10/15/a-arte-e-arma-publica-contra-a-ignorancia/)
___________________________________________________________________
Vale lembrar a definição!
Intervenção Artística: São manifestações criadas e organizadas por artistas, utilizando formas criativas, estéticas e poéticas, chamando a atenção do público para questões artísticas, ecológicas, geográficas, sociais, políticas, pedagógicas etc. Estas manifestações acontecem em um local específico ou de um local público, visando fazer novas percepções sobre a arte, atingindo a população próxima. Geralmente, são efêmeras. Isto é, duram o tempo de um deslocamento do ritmo cotidiano para um ritmo poético. ( Caderno do Professor, 2º Bimestre, páginas 15,16)
___________________________________________________________________________
Linguagem Teatral como intervenção Urbana
Leitura
Companhia Tablado de Arruar
Sobre
“Fundado em 2001, o Tablado de Arruar segue desenvolvendo projetos e peças que debatem primordialmente questões políticas do país. Nossa ideia é transformar os conteúdos em forma dramatúrgica e cênica aliando ao trabalho centrado na figura do ator. Nesses 18 anos de existência o grupo já criou cerca de 15 espetáculos dentre os quais há peças de rua e de intervenção urbana, site specific e peças de sala ou palco”. Fonte: https://www.tabladodearruar.com/
Texto 2
São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 2003
Tablado revira o centro da cidade
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma das caçulas da cena teatral paulistana, a cia. Tablado de Arruar segue surpreendendo, inclusive aos próprios artistas. Leva hoje, à praça da Sé, seu segundo espetáculo, "Movimentos para Atravessar a Rua". Resulta do projeto Teatro de Rua e a Metrópole, selecionado este ano para o Programa de Fomento ao Teatro. Trata-se do primeiro grupo escolhido com opção estética, ideológica e exclusiva pelo teatro de rua. A conquista de respeito vem desde a estréia profissional do Tablado, em 2002, com "A Farsa do Monumento”.
Aquela peça retratava episódio histórico de 1900, em que um homem comum quebrou protocolo de cerimônia ao ajudar a descerrar o pano que cobria a estátua de Pedro Álvares Cabral, no Rio, notícia que foi distorcida à época do 4º Centenário de Descobrimento. Não se admitia que o gesto fora praticado por um negro. A cidadania violentada um século atrás hoje é ainda mais esmaecida em "Movimentos para Atravessar a Rua". Durante três meses, o grupo frequentou o centro da cidade, familiar por conta da temporada da peça anterior. Realizou cenas de improviso, ouviu, viu e assimilou o "pega-pra-capar" cotidiano que envolve a sobrevivência de quem compartilha o miolo da metrópole.
A pesquisa deu em três núcleos que compõem a dramaturgia de "Movimentos...", de chave tragicômica. O primeiro episódio conta as peripécias de um sujeito que é demitido e só encontra "bicos" ou atalhos "mágicos" em sua jornada por um emprego. O segundo alude ao conflito entre camelôs e fiscais da prefeitura. A última parte trata de um acerto de contas entre dois moradores de rua. Segundo alude ao conflito entre camelôs e fiscais da prefeitura. A última parte trata de um acerto de contas entre dois moradores de rua.
O texto, enfim, brotou das ruas. Muitas vezes, fizeram parte das rodas de improvisação justamente camelôs, fiscais, desempregados, moradores de rua etc. A dramaturgia ganhou tratamento final de Pedro Mantovani, que também divide a direção com Heitor Goldflus (ligado à Cia. do Latão).
Segundo Goldflus, 40, a pesquisa de campo mostrou ao Tablado algumas contradições nos discursos hegemônicos de revitalização do centro velho de São Paulo. "Axiomas como o de que "camelô faz mal ao comércio formal" não se aplicam bem à prática. Alguns lojistas, por exemplo, chegam a proteger ambulantes ou mesmo a usá-los como revendedores." "Movimentos..." quer trazer à luz um tanto do que tem sido jogado para debaixo do tapete. Não por acaso, um tapetão é valioso recurso cenográfico na rua do espetáculo. (VALMIR SANTOS)
MOVIMENTOS PARA ATRAVESSAR A RUA.
Texto: cia. Tablado de Arruar. Direção: Heitor Goldflus e Pedro Mantovani. Com: cia. Tablado de Arruar (Clayton Mariano, Daniele Ricieri, Demian Pinto, Lígia Oliveira, Martha Kiss, Rodolfo Amorim e Vitor Vieira). Figurinos e adereços: Daniela Cury. Fonte de pesquisa: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/acontece/ac1510200302.htm
Atividade
1- Leitura do texto 1 e texto 2
2- Faça uma conclusão geral sobre o texto 1 (Não esqueça de iniciar pelo tema).
3- Faça uma conclusão geral sobre a Leitura do texto 2 conforme o roteiro abaixo:
a- Qual é o tema?
b- De qual é ano é a reportagem?
c- Comente sobre a Companhia Tablado de Arruar – Origem e qual é a ideia do grupo?
d- Explique sobre “Tablado revira o centro da cidade”. Por quê?
Comments